Lentidão
Duplicação da Cidade de Lisboa permanece no papel
Convênio assinado entre governo do Estado e Metroplan com Prefeitura de Pelotas foi em dezembro de 2019
Jô Folha -
"Acho que Deus passa a mão para evitar acidentes." Essa é a avaliação que Naura Maria Pinto Faria, 63, faz sobre o trânsito da avenida Cidade de Lisboa, no bairro Fragata, trecho que seria duplicado em 2020, conforme convênio assinado entre a então Secretaria Estadual de Articulação e Apoio aos Municípios e Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) com a prefeitura de Pelotas. Projeto orçado em mais de R$ 1,8 milhão que, até agora, ainda não saiu do papel.
Por ser um dos acessos à cidade pela BR-116 até a avenida Duque de Caxias, o fluxo é intenso. E confuso. Por circularem também pela via ônibus metropolitanos, intermunicipais, entre Pelotas, Capão do Leão e Morro Redondo, o que justifica o interesse do órgão estadual em qualificar a via, danificada pelo uso e pelo tempo.
Quem mora ou tem comércio na avenida diz não acreditar mais na obra. "Há anos que falam dessa duplicação que poderia organizar o trânsito. Faz falta e evitaria engarrafamentos, porque aqui tem muito fluxo de veículos e caminhões", reclama o aposentado Adi Claiton Aires Vieira, 71, morador do local há 40 anos. A faixa com quase 1,3 quilômetro é utilizada também por bicicletas, motocicletas, carros e caminhões, além de charretes. A faixa, em blocos intertravados, está com vários trechos desnivelados. Algumas partes estão cobertas com asfalto para cobrir os buracos.
No cenário quase caótico é preciso apertar o passo para atravessar a via. "Tem um colégio mais adiante, no Passo do Salso, sendo que os pais sofrem na hora de buscar as crianças por causa do movimento da avenida", conta a aposentada Marilene Brum. Aos 78 anos, é uma das moradoras que esperam há anos pela duplicação. "Eu era novinha quando falavam nessa obra." A motorista padece para sair da garagem, pois costumeiramente os motoristas não param, mesmo com um quebra-molas bem em frente à residência. "Isso quando não tem veículo estacionado em frente ao portão. É uma luta diária", desabafa.
Estacionamento e vitrine
Enquanto a obra não sai, a via destinada à segunda pista é usada como estacionamento e exposição de produtos do comércio local, principalmente de carros usados. "Creio que não irá atrapalhar nosso trabalho. Pelo contrário, além de melhorar o fluxo de veículos, vai dar mais visibilidade aos estabelecimentos deste lado da avenida", comenta o atendente de uma revenda, Charles Fernandes, 43. A obra, quando ocorrer, vai causar transtornos inicialmente, depois resultando em um acesso mais bonito à cidade, avalia.
Além do aspecto visual, uma vez duplicada a avenida também prevê em seu projeto mais segurança aos pedestres. Como o canteiro, não preparado para trânsito de carros, assim mesmo é acessado por muitos motoristas, quem costuma caminhar pelo espaço precisa redobrar a atenção. Isto porque o final da BR-116, em direção à avenida, indica pista duplicada e os veículos entram em alta velocidade, mesmo com um desnível entre o asfalto e o chão batido, para acessar a rua André Dreifus.
Um motorista, que pediu para não ser identificado, reclama não só das condições da avenida, mas da falta de sinalização. "Temos que reduzir a velocidade por causa dos buracos, muitas vezes invadimos a pista contrária, fora a tranqueira por causa dos veículos pesados. Tudo isso não permite que o trânsito flua no local."
Sem data definida
A assessoria técnica da Secretaria Estadual Extraordinária de Apoio à Gestão Administrativa e Política (Sagap), que atualmente desempenha algumas funções da antiga pasta de Apoio aos Municípios, explica que na época do convênio, em 2019, a prefeitura de Pelotas estaria no Cadastro de Inadimplentes (Cadin) e não pôde realizar a licitação, sendo o acordo desfeito pelo órgão estadual. Na época, o projeto foi orçado orçado em R$ 1.815.398,57, sendo R$ 272.309,81 do município e R$ 1.543, 088,76 da Metroplan.
Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão (Seplag), um novo convênio foi assinado no início deste ano e a abertura do processo licitatório ocorreu em abril, quando não houve interessados, pois os valores estariam defasados. Para dar continuidade, a Seplag atualizou o projeto e a planilha orçamentária e enviou para a Metroplan. De acordo com Departamento de Engenharia Civil do órgão, a obra ficará 26% a cara que o orçamento original. Encerrada esta etapa, uma nova licitação deve ser realizada.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário